segunda-feira, 30 de maio de 2011

It’s fucking borin to death



 
Uma das melhores bandas do rock alternativo gaucho, o DeFalla, teve um influência muito forte no meu gosto e tendência musical.

O caldo sonoro do DeFalla misturava rock, rap, funk e psicodelia. Era uma banda que antecipava tendências. Era mesmo uma banda à frente de seu tempo. 

É verdade que os anos 80 eram a era  pré-internet e tudo o que envolvia a cultura pop chegava com atraso ao Brasil.


Mas a cada show do De Falla, as performances e genialidade de Edu K e da banda, me davam mais vontade de ter e tocar em uma banda de rock. 

Anos mais tarde acabei tocando em algumas bandas. Percussão em algumas, bateria (sim, eu sou baterista!) em outras. 

Nada profissional, nada com dedicação em busca da fama de rock star. Mas com muito tesão, porque tocar, asssim como a correr é prá mim uma terapia.


O De Falla, que fez um show histórico em Porto Alegre nesse final de semana, teve uma música (cujo o nome é o título desse post) que foi um clássico nos anos 80.

Porque contei isso? Porque venho sentindo uma coisa que definiria como “um maldito tédio pós maratona”.

Depois de intensos cinco meses de treinos para a maratona, meus últimos dias foram um tanto quanto tediosos, atleticamente falando.

Desde que voltei de Porto Alegre, meus treinos se limitaram a 30 minutos de bicileta e o foco agora foi em manter o tratamento do joelho para observar os resultados.

As dores ainda estão incomodando. Por isso estou me poupando, segurando a abstinência de correr e mantendo a tranquildade para me recuperar bem.

Meu iPhone continua despertando às 5:30 nas terças e quintas e às 6hs nos sábados. Achei melhor manter para não confundir o relógio biológico (risos).

Se chorei ou se sorri…

Nesses últimos dias, pensei muito em tudo o que vivi e senti antes, durante e depois da maratina. Procurava o verdadeiro sentimento que ficou dessa minha primeira maratona.

A verdade, é que foram muitos sentimentos. Foram muitas sensações. Fiquei ansioso, tenso, calmo, ansioso denovo, preocupado. Isso tudo antes da prova. Durante a prova, fiquei calmo, seguro, ansioso, preocupado, tive medo, cansaço, dores, calor.

Depois senti orgulho de ter chegado onde cheguei, senti uma força ressurgindo da minha determinação, uma força ainda mais extraordinária nos últimos quinhentos metros, senti o pulmão respirando tranquilo e o coração batendo seguro.

Ao cruzar a linha de chegada, gritei de raiva, de gana, de alegria, de uma overdose de superação. Bati no peito me dando os próprios parabéns. Depois, quando vi minha mãe, meu pai, minha mulher, minha família, caí num choro que só quem tem a emoção levada a flor sabe o que significa.

Chorei, sorri, comemorei. Me autoavaliei ali mesmo. Era preciso. Caso contrario poderia, mesmo que por poucos minutos, achar que completar a prova mesmo abaixo da minha meta, não teria sido uma grande conquista.


Aprendendo com os erros

Errando é que se aprende, diz o dito popular. É verdade. Eu disse, ao longo desses meses todos, que correr era com a cabeça. Mas na prática a teoria foi um pouco diferente.

Ao escolher a minha estratégia, preferi não dar ênfase as dores no joelho. Ouvi muito que as dores eram psicológicas. Então não quis neurotizar. Mas elas estavam ali. Mais que as dores, a lesão estava ali. Mas eu preferi disfarçar (risos).

Quando larguei, mative o ritmo que havia programado. E segui assim, firme, tranquilo, procurando esquecer  as dores no joelho.

Não deveria ter mantido essa estratégia. Deveria ter corrido com a cabeça. Deveria ter corrido com um ritmo mais fraco e por mais tempo.


Abrindo a caixa preta

Após o km 12, aumentei o ritmo. Tudo certo, como o programado. Agora eu não pensava no joelho e nem no calor, que aumentava significantemente.

No km 30, na hora da batata, uma espécie de “aviso de perda de força do motor” começou a apitar. Não dei bola. Segui firme.
 
Aos 33kms, o sinal apitou novamente e acrescentou um aviso de “dores intensas no joelho esquerdo”.

No km 34, aviso de “pane geral”! Em seguida uma mensagem: “todos os sistemas de propulsão estão em falência”. “somente o sistema de respiração e circulação se mantém intactos”.

Brincadeiras metafóricas a parte, só nesse momento eu realmente corri com a cabeça. Nesse momento, no km 34, percebi que meu plano A tinha caído. 

Parti para o plano B. 
Com muito custo fui até o km 36 tentando manter o plano B. Não deu. 

Ainda tinha o plano C. Tentei levá-lo como meta até o km 39. Nada feito.

Mesmo assim, em nenhum momento me dei por vencido, por acabado. Mesmo tendo que abrir mão de três alternativas de chegar abaixo de 4hs, eu ainda tinha a emoção de cruzar a chegada inteiro! 

Essa agora era a meta! Chegar! E chegar bem! Com dignidade e certeza do dever cumprido.


 
Consegui!









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